domingo, 12 de agosto de 2012

Hanami em Bom Clima

Essas fotos foram tiradas na última 6a.feira (10 de agosto). 
Dá para perceber que o auge da florada desses sakuras já acabou, mas não poderia deixar de registrar.
Infelizmente os acessos a este parque já estavam fechados, de modo que tirei da calçada mesmo.
Esses sakuras localizam-se no parque ao lado do Paço Municipal, no Bom Clima.











As brincadeiras da mamãe




          Era uma vez um menino que não tinha mãe. Não é verdade que a mãe não existisse e pronto: fazia duas semanas que ela estava no hospital. Depois voltaria. Mas Lucas não sabia disso. Todos a seu redor sabiam e ninguém duvidava. Lucas, porém, sabia só uma coisa: que sua mãe havia desaparecido. Antes a mamãe estava ali perto dele, fazia a comidinha, ficava feliz a cada nova palavra que ele pronunciava, e à noite colocava o pijaminha dele. Dessas coisas Lucas se lembrava muito bem.
           Mas a mãe havia desaparecido.
           Lucas andava de cá para lá nos quartos, tentava dizer em voz alta “Peixe!”, pronunciando muito bem o “xe” final. Talvez a mamãe saísse de algum lugar para lhe dizer: “Muito bem!”. A tia, porém, que estava mexendo nas panelas lá na cozinha, foi até a porta sem saber direito o que estava acontecendo e dizia: O que é que tem o peixe agora? Onde foi que você viu um peixe?
          Lucas, de apenas dois anos, não respondia: era apenas uma palavra nova que conseguira pronunciar assim, marcante e inflamada, e que talvez tivesse o poder de fazer a sua mãe voltar.Ela – isso ele sabia – teria interrompido qualquer coisa que estivesse fazendo, teria ido até ele para abraçá-lo e dizer-lhe: “Muito bem!”, e não teria feito as perguntas da tia.
          A palavra “peixe”, porém, não lhe trouxe a mamãe.
          Nem a palavra “xerapoquê”, que, além de tudo, não significava absolutamente nada. Ou melhor, fez o papai lhe dizer com uma leve repreensão:
          --  O que você está fazendo? Você agora fala que nem um nenenzinho?
          Nesse momento, fazendo um enorme esforço na maior concentração, reunindo todo o seu mundo, Lucas fez o mais longo discurso de sua vida:
          -- Cadê mamãe?
          O pai entendeu imediatamente. O seu Lucas de dois anos estava sentindo falta da mãe.
          -- Ela está no hospital, você sabe – respondeu o pai afetuosamente, sem preocupação. – Daqui a duas semanas, ela vai voltar para casa, no máximo três. Não posso levá-lo onde ela está, porque as crianças não podem entrar e ela ainda não pode andar. Tenha paciência, ela voltará, rapazinho.
          Lucas não entendeu nada, mas para não desagradar o pai, respondeu sério:
          -- Hã, hã.
          Contudo, não conseguiu evitar um suspiro que fez o pai sorrir.
          -- Eu também sinto falta da mamãe! – acrescentou, como se estivesse falando com um “colega”.
          Lucas enfiou a cabeça entre as pernas, balançando; o pai teve certeza de que haviam se entendido.
          Conforme iam passando os dias, os traços vivos da mamãe – incrível! –se desbotavam um pouco da cabecinha de Lucas. Antes parecia escutar a voz dela, algumas vezes sentia até seu calor quando se escondia na caminha para que ela o encontrasse. Contudo, quanto mais os traços se descoloriam, mais aumentava um buraco em seu coração.
          Ele não sabia bem porque, mas pouco a pouco estava perdendo o apetite. De comilão que era, começou a ser exigente na comida: deixava quase tudo no prato, embora a tia se esforçasse em preparar-lhe comidas de que gostava.
          E sua carinha não escondia o que estava acontecendo: ficou um pouco pálido e um tanto pensativo; caso deixassem de lado a maciez de sua pele e o perfil redondinho, poder-se-ia dizer que se tratava do rosto de um adulto mergulhado sabe-se lá em quais pensamento profundos.
          -- Você está bem? – perguntava-lhe o pai.
          -- Sim – respondia Lucas, ou às vezes não respondia nada.
          Então, certo dia, ele ouviu a voz da mãe no telefone. Era ela. Era a voz dela. Se fosse um cachorrinho, Lucas, com o fone nas mãos, teria começado a abanar o rabo rapidamente de tanta felicidade. E teria erguido ao céu seus “latidos” alegres.
          Mas o menininho estava ali com o fone na mão como se estivesse encantado: arregalava somente os olhos, dois grandes olhos perdidos na felicidade, e não dizia nada.
          -- Filhote? Você está me escutando? Sou eu, a mamãe – dizia a voz. Lucas colocava o fone à orelha, como se quisesse apertá-lo e não deixá-lo mais.
          -- Lucas, meu filhote... – dizia a voz.
          -- Fale com a mamãe! – insistia o pai, também ele meio atrapalhado diante da confusão do filho. – Fale “oi” para ela!
           Lucas disse “oi” com a mãozinha enquanto olhava cada vez mais encantado o fone.
           Então o pai retomou a comunicação com a mulher, garantindo que o menino a havia escutado.
          Nesse dia, o prato ficou vazio num instante.
          No outro dia, de manhã, exatamente quando estava saindo para ir ao escritório, o pai viu uma coisa impensável: Lucas havia trepado em uma cadeira, conseguira tirar o fone do gancho que ficava na sala e estava dando uma lambidinha nele.
          -- O que você está fazendo? – perguntou admirado o pai – Por que você não está na cama com a titia?
          Em instantes, Lucas, em seu pijama, desapareceu, correu para sua caminha, ao lado da cama da titia, que ainda estava dormindo.
          Durante todo o dia, o pai ficou pensando naquela coisa estranha e não conseguiu entender.
          No dia seguinte, nova lambidinha no telefone. Enquanto isso, o rostinho de Lucas retomava a coloração normal e o ar pensativo havia desaparecido quase por completo. Se o pai conseguisse, ainda que por um momento, saber o que se passava na cabecinha de Lucas, teria percebido que as mamães podem virar aparelho de telefone.
          Melhor uma mamãe-telefone do que nenhuma mamãe.
          Tanto assim que quando, certo dia, a mamãe apareceu inteira, de pé, na porta de casa, radiante e com os braços estendidos para o seu Lucas, antes de correr-lhe ao encontro, o menino deu uma olhada para o telefone, como que dizendo: "Mas você não tinha virado telefone?”
          Foi só um instante, depois o pequeno Lucas não teve mais dúvidas e dirigiu-se ao encontro dela, balbuciando palavras incompreensíveis, brotadas de sua felicidade.
          As brincadeiras da mamãe.
          Quando voltam, porém, são mais bonitas do que antes.

ZATTONI, Mariateresa; GILLINI, Gilberto. Tradução de Euclides Martins Balancin. Sofrimento na infância: como acompanhar a criança nas perdas e dores normais de sua vida. São Paulo, Paulinas, 2004. p.23-6 (Psicologia e Educação)

domingo, 5 de agosto de 2012

Rodas de leitura de agosto de 2012


Ciclo Distopias 

A estrada, de Cormac McCarthy

Quando: 18 de agosto (sábado), das 15h às 17h
nde: Espaço Novo Mundo  - Av. Salgado Filho,  1453 – Centro – Próximo ao Hipermercado Extra do Bosque Maia - Guarulhos
Mais informações, acesse www.blog.espaconovomundo.com.br ou ligue para  (11) 4963-1133 e fale com Grasiela ou Angélic

Chuva negra, de Masuji Ibuse

Quando:  25de agosto (sábado), das 15h às 17h
Onde: Espaço do Coletivo 308  –   Rua Paschoalina Migliorini, 131 – Ponte Grande - Guarulhos
Próximo ao Supermercado Lopes da Ponte Grande

Mediação da blogueira que vos escreve, bibliotecária e mediadora de rodas de leitura desde 2008

É fundamental que os interessados compareçam com a leitura individual já realizada para facilitar as discussões a respeito dos livros.

Cursos de encadernação e conservação na Oficina Mário de Andrade


OFICINA DE ENCADERNAÇÃO JAPONESA
Coordenação: Adriana Bento
3 a 26/9 - Segundas e quartas-feiras – 14h30 às 17h30
Público: interessados a partir de 18 anos
Inscrições: 16/7 a 29/8
Seleção: carta de interesse
12 vagas

A oficina trabalhará três modelos de encadernação japonesa: livro sanfonado, encadernações de quatro furos e “casco de tartaruga”. Durante o atividade será feita breve contextualização histórica de cada modelo e também uma abordagem das propriedades e aplicações do papel japonês.

Adriana Bento é formada em Artes Plásticas pela ECA-USP. Ministra cursos de encadernação, cria produtos de papelaria personalizada e desenvolve livros em aquarela e gravura em metal. Expôs uma série de livros em gravura no Paço das Artes (2009) e no Clube Literário do Porto, em Portugal (2010).


OFICINA DE CONSERVAÇÃO DE LIVROS: CONSERVAR PARA QUÊ?
Coordenação: Luisa Tamaki Hirayma
16/8 a 13/9 – quintas e sextas-feiras – 17h às 20h
Público: interessados a partir de 18 anos
Inscrições: 16/7 a 11/8
Seleção: carta de interesse
12 vagas

A atividade abordará questões de conservação e preservação de textos e documentos utilizando papel japonês e transmitirá técnicas de encadernação a partir da construção de um modelo (boneco).

Luisa Tamaki Hirayama é encadernadora e restauradora de livros em bibliotecas e editoras. Ministra cursos de encadernação e conservação na ABER – Associação Brasileira de Encadernação e Restauro.

Rua Lopes Chaves, 546 - Barra Funda - Cep: 01154-010
São Paulo - SP
Telefone: (11) 3666-5803 / 3826-4085 | casamariodeandrade@oficinasculturais.org.br
Funcionamento: Segunda a sexta-feira das 13h às 22h e sábado das 10h às 14h

Livro de artista na Oficina Cultural Oswald de Andrade


OFICINA: LIVRO DE ARTISTA – HISTÓRIA, PERCURSOS E PROCEDIMENTOS*
Coordenação: Galciani Neves
14/8 a 25/9 – terças-feiras – 18h30 às 21h30

Público: artistas visuais, ilustradores, designers e estudantes de artes
Inscrições: 16/7 a 2/8
Seleção: currículo e aula aberta (7/8 – terça-feira – 18h30)
20 vagas
*PROJETO: LIVRO DE ARTISTA
História, percursos e procedimentos de construção de livros de artista – livro-obra, livro-objeto, obra-poema, livre de paintre, livro-arte e illustrated book – serão discutidos nesta oficina, como proposição à criação de livros e publicações.

Galciani Neves é professora, curadora e crítica. Realizou pesquisa sobre livros de artista em 2009, na PUC-SP, onde cursa doutorado. Atualmente, é professora da FAAP, produz conteúdos para o Projeto Educativo Permanente da Fundação Bienal de São Paulo e realiza atividades de crítica, curadoria e acompanhamento de artistas.

Oficina Cultural Oswald de Andrade
Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro - Cep: 01123-001 - São Paulo - SP
Telefone: (11) 3222-2662 / 3221-4704 | oswalddeandrade@oficinasculturais.org.br
Funcionamento: Segunda a sexta 9h às 22h e sábado das 10h às 18h 

Encadernação e Papelaria artística - Introdução no SESC Pompeia




28/08 a 08/12. 
Turma da manhã: De 2~8/8 a 4/12. Terças, das 9h30 às 12h.
Duração: 14 encontros.

Turma de sábado: De 25/8 a 8/12. Sábados, das 10h às 12h30.
Duração: 15 encontros.
Introdução ao universo da encadernação aproximando os participantes das técnicas de costura, das características dos papéis e revestimentos e das ferramentas utilizadas para a criação de cadernos artísticos.
Orientação: Fernanda Brito.

Fernanda Brito é artista plástica, com especialização em Conservação e Restauração de Material Gráfico e Obra de Arte sobre Papel. Trabalha com conservação de acervos em suporte de papel e realiza trabalhos com encadernação artística. É professora de conservação e restauro de livros da Fundação Escola de Sociologia e Política – Fesp/SP.

Verifique o programa completo (aula a aula), estimativa de gastos com material e tempo de dedicação extra classe exigidos em cada curso em: sescsp.org.br/oficinasdecriatividade

Inscrições:
Quinta, 16/8, das 18h às 21h30, para comerciários matriculados;
Sexta, 17/8, das 18h às 21h30, para demais usuários.


Inscrições para vagas remanescentes:
Sábado, 18/8, das 10h às 16h, para comerciários matriculados;
Domingo, 19/8, das 10h às 16h, para demais usuários.


Não recomendado para menores de 16 anos
R$ 60[inteira]
R$ 30[usuário inscrito no SESC e dependentes, +60 anos, professores da rede pública de ensino e estudantes com comprovante]
R$ 15[trabalhador no comércio de bens, serviços e turismo matriculado no SESC e dependentes]


http://www.sescsp.org.br/sesc/programa_new/mostra_detalhe.cfm?programacao_id=226448 - Acesso em 05 de agosto de 2012

Sakura Matsuri 2012 no Parque do Carmo - Eu estive lá!!


Neste ano de 2012 pude tirar fotos maravilhosas do Parque do Carmo e principalmente do Bosque das Cerejeiras pois o tempo durante a semana esteve ótimo. 
Vejam como o Bosque das Cerejeiras destaca-se a distância.


Abaixo, algumas fotos do Bosque das Cerejeiras, que estava lotado no sábado a tarde.





 


 




No palco, a lembrança de que a Festa das Cerejeiras em Flor acontece há 34 anos.



Danças folclóricas, realizadas por voluntários das Associações culturais pertencentes à Federação Sakura e Ipê do Brasil. 






 Outro destaque: o taikô. 
Meras fotos não conseguem descrever o que é uma performance de taikô.








O serviço de palco acabou com danças coletivas, em que a população é convidada para participar da roda de dança. A diversidade da população participante impressiona.

Roda de Leitura O senhor das moscas, no Espaço 308






O senhor das moscas foi escrito em 1954 pelo escritor inglês William Golding, ganhador do Prêmio Nobel em 1983. Infelizmente há poucas obras deste escritor publicadas aqui no Brasil.
As opiniões a respeito deste livro foram bem variadas: há quem não gostou do livro, há quem gostou, etc. 
A alegoria do autor a respeito dos meninos que se acham numa ilha deserta também suscitou um bom debate, bem como o título da obra.



Roda de Leitura A ilha do Doutor Moreau - Julho de 2012

 



A ilha do Doutor Moreau, escrito em 1896 pelo escritor britânico H.G. Wells, foi o livro lido e discutido na Roda de Leitura do mês de julho. 
Para quem leu Não verás país nenhum, do Ignácio de Loyola Brandão no mês anterior, o romance de julho foi bem mais fácil. 
Foi uma boa discussão: alguns dos tópicos levantados pelos leitores participantes foi: a imposição da religião, o papel da ciência, a ética (e a falta de ética) na ciência.
Os leitores que também são escritores levantaram a questão da falta de cuidado com o texto, inclusive com a apresentação de detalhes que passam despercebido por leitores que são apenas leitores.